domingo, 27 de agosto de 2017

Despertando 
Por muitas vezes acordei para logo em seguida adormecer. Neste período desperta, observei o local onde estava. Era um quarto com paredes claras e uma janela fechada. O local estava na penumbra. Sentia-me
extremamente bem. Ouvia a voz do meu pai, ou melhor, sentia as palavras: “Patrícia, filha querida, dorme tranqüila, amigos velam por você.


Esteja em Paz.” Embora estas palavras fossem ditas com muito carinho, eram ordens. Sentia-me protegida e amparada.


Estava deitada numa cama alta como as do hospitais, branca e confortável. Acordava e dormia.


Até que despertei de fato. Sentei no leito. Virei a cabeça devagar observando o quarto e foi então que vi ao lado do meu leito, sentado numa poltrona, um senhor. Quando o olhei, ele sorriu agradavelmente.

Apalpei-me, ajeitando-me entre os lençóis alvos e levemente perfumados. Estava vestida com meu pijama azul de malha.  Arrumei com as mãos meus cabelos. “Onde será que estou?” pensei.


Não conhecia o local e nem aquele senhor, que calmamente continuava a sorrir. Não tive medo e nem me apavorei. Fiquei calada por minutos, tentando entender. Até que o risonho senhor me dirigiu a palavra.


—Oi, Patrícia! Como se sente?


—Bem...


Pensei no meu pai. Senti-o. Interroguei-o mentalmente: “Papai, que faço?”. “Calma, esteja tranqüila, diante do desconhecido, procure conhecer; nas dificuldades ache soluções. Pense em Jesus. O Divino Mestre é a Luz do nosso caminho.” Papai respondeu dentro de mim, era como se pensasse com a voz dele. Senti coragem e ânimo, certamente fluidos que me enviava. Confiei. Voltei a cabeça na direção daquele senhor, olhei-o fixamente e indaguei:


—Como sabe meu nome?


—Patrícia é um lindo nome, conheço-a a tempo.


—Onde estou?


—Entre amigos.


Realmente sentia assim. Estava calma. Ter acordado num lugar desconhecido e com aquele estranho ao meu lado pareceu-me natural.


Logo eu que sempre fui tão caseira e avessa a estranhos. Interroguei-o novamente.


—Como se chama?


—Maurício. Sou amigo de seu pai.


—É médico? Trabalha no nosso Centro Espírita?


Não me respondeu, seu olhar tranqüilo dava-me calma. Observei-o detalhadamente. É ruivo, com sardas pelo rosto, olhos verdes, boca grande e sorriso agradável. Deixou que eu o observasse. Minutos passamos em silêncio. Até que ousei perguntar:


—Estou sonhando ou desencarnei?

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